Batman vs Superman: A Origem da Justiça

Depois de uma grande expectativa, finalmente estreou em Março o filme Batman vs Superman: A Origem da Justiça. As opiniões sobre o longa foram distintas. Se por um lado a crítica especializada desaprovou em sua maioria a obra de Zack Snyder, o grande público ficou dividido entre fãs (dos quadrinhos) decepcionados e outros mais satisfeitos.

Ambientado durante e após os eventos de “Homem de Aço”, neste filme vemos a perspectiva da batalha em Metrópolis entre Superman (Henry Cavill) e Zod, do ponto de vista de Bruce Wayne (Ben Affleck). A apresentação do personagem com um rápido flashback da morte dos pais de Bruce e de sua primeira experiência com os morcegos é pontual (afinal ninguém aguenta mais sua história de origem) e logo o vemos em Metrópolis, onde estava a negócios em meio a batalha. Todas as consequências da destruição e o caos gerado pela luta sob um outro ponto de vista foram interessantes de ser ver, afinal é o que impulsiona a trama em linhas gerais.

Wayne é introduzido neste universo cinematográfico DC/Warner de uma forma ainda não vista nos cinemas: na ativa há mais de vinte anos, ele é um cara envelhecido pelo peso da responsabilidade, cheio de marcas de batalhas (no traje e no corpo) e o maior diferencial: é um Batman furioso. Ao contrário de outras abordagens deste personagem, este homem morcego se necessário mata. Não sei se todo o background desse anos de combate ao crime será explicado em outros filmes, mas já é obvio que ele já passou por muitas coisas e agora o pavio é curto. Curtíssimo. Affleck entrega uma atuação que não deve em nada a Christian Bale na aclamada trilogia de Christopher Nolan, o que causava muita aflição nos fãs por causa do seu pífio papel como Demolidor, em 2004.

Outro personagem introduzido neste filme é Lex Luthor (Jesse Eisenberg). Só que ao contrário do homem morcego, sua atuação é exagerada. Talvez, por conta de uma representação da irresponsabilidade de um jovem no comando de uma grande corporação, mas há algo que destoa em seus planos e motivações. Não funciona como deveria. Para ser justo, não é uma performance que seja descartável e até existem bons momentos.

É  dele  uma cena deletada que foi liberada após o lançamento do filme, para que se tivesse um pouco mais de coerência em sua trama (por que Warner?). A sequência mostra o momento em que ele é encontrado se comunicando com um ser alienígena na nave Kryptoniana, antes de ser preso.

A fotografia do filme é ótima. Um trabalho de identidade visual peculiar no estilo mais sombrio que corrobora com a proposta da DC nos cinemas. A trilha sonora também agrada, e nota-se um estilo menos aventuresco (como acontece em outros filmes do gênero), mas não menos empolgante. Nos momentos em que ela se eleva vemos ali a marca da direção de Snyder, que prima pelo grandiosidade excessiva no audiovisual. Tudo é uma questão de estilo, assim como são retratados os efeitos especiais. Esteticamente e visualmente o filme funciona e o resultado nesse aspecto é bom.

As cenas de ação não decepcionam. A sequência onde Bruce sonha e Batman está no deserto é excelente. Aliás seria um sonho ou um vislumbre? Veremos isso em outro momento. Além disso, o confronto  entre ele e o Superman, que a princípio fica na ameaça e mais a frente chega as vias de fato também é muito bom (embora o que leve a isso não seja muito consistente). Em um momento sensacional, a Mulher Maravilha (Gal Gadot) rouba a cena e torna a sequência final ainda mais interessante. Gal está ótima no papel! Quando Diana Prince surge e a trilha sonora sobe, me arrisco a dizer que é o ponto alto do longa. Sua interação com Bruce ao longo da trama também é interessante e a parte em que ele descobre, um pouco antes, que ela tem pra lá de cem anos é muito legal.

A ameaça final a ser combatida, Apocalipse, emula um importante arco dos quadrinhos, com alguns aspectos bem diferentes a começar pela sua criação. A luta é empolgante e deu angustia quando o Batman ficou fugindo da besta. Quando a Mulher Maravilha usou o laço para prende-lo foi sensacional. No fim das contas, como a alternativa para acabar com ele, restava apenas a conveniente arma de kryptonita que o Batman abandonou convenientemente para ser encontrada por Lois?

A única forma de matar Apocalipse era na base do sacrifício, pois o desgraçado vive no estilo “o que não me mata me fortalece”. Nem bomba atômica no espaço dava cabo do demônio. Mas também era a única forma de dar o start para a criação da Liga e da continuação da série de filmes. Quer motivação maior que uma perda emblemática? Já vimos isso por ai antes. E tal qual a HQ, Superman está morto mas não deverá continuar. De qualquer forma, foi corajoso retratar isso no cinema, ainda mais sendo um personagem tão icônico.

Por conta dos furos no roteiro, algumas ações no longa ficaram um pouco perdidas. Algumas tramas pareceram confusas, como a do português branco e os acontecimentos envolvendo as ações do Superman no começo do filme. A versão de Zack Snyder deveria ter mais de três horas de duração e foram cortados cerca de trinta minutos. O filme é longo e em alguns momentos da para notar problemas de ritmo e alguns cortes indo de um ponto ao outro como se estivesse faltando alguma coisa.

A Warner até cogitou lançar a versão estendida nos cinemas e é inegável que isso traria um pouco mais de substância a trama, que parece apressada no intuito de contar uma história e ao mesmo tempo introduzir personagens e preparar o terreno para futuros filmes. O hackeamento dos arquivos de Luthor, apresentando os meta-humanos por exemplo, soa como uma satisfação e lembrança aos fãs de que a Liga da Justiça vem ai. Não precisava, mas…até que foi legal ver os mini-teasers de AquamanFlash e Ciborgue.

Batman vs Superman está longe de ser um filme ruim, mas a comparação com a Marvel é inevitável. A rivalização/polarização e a necessidade de criar um universo  conectado trás ao espectador filmes que se preocupam em fazer amarras o  tempo todo, e isso em certos momentos soam apenas como se cada filme fosse uma história transitória. Claro que a Casa das Idéias possui uma fórmula já consolidada e um estilo bem peculiar e  isso foi se construindo ao longo de muitos filmes. A DC/Warner precisa encontrar a sua fórmula pois ficou  a mercê do imediatismo. Torço por isso!

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