Em Luta Pelo Amor (1998), o título em português oficial dessa belíssima obra de Marshall Herskovitz é muito ruim, e títulos ruins acabam afastando o espectador de uma experiência incrível que poderia acontecer caso esse primeiro contato com o filme não fosse estragado. Sendo assim, o nome do longa é Dangerous Beauty, e em nossa língua materna ele poderia ter ficado tão bom quanto no original em inglês caso a tradução simplesmente tivesse se dado literalmente: beleza perigosa. Sinta a diferença, leia os dois títulos em voz alta e perceba o quanto a atração é diferente. Você poderia até não gostar do filme depois a experiência, mas pelo menos iria sentar para conferi-lo.
Feita essa pequena introdução em que desabafo minha eterna indignação por esse deslize linguístico que jamais será corrigido, agora sim posso apresentar a película em que é centrado o presente texto. Ela conta a história de Veronica Franco (Catherine McCormack), uma jovem veneziana que, impedida de se casar com o homem que ama, acaba se tornando uma das maiores cortesãs da Itália na época de ouro da profissão, quando essas mulheres eram as mais cultas, desejadas e invejadas de toda a sociedade, desfrutando de uma liberdade atípica nos tempos em que o enredo se dá.
Espero ter acendido sua curiosidade com a sinopse acima, porque Dangerous Beauty está em uma posição muito alta na minha lista de melhores filmes, não por ser a maior obra já feita, mas pelo impacto que causa e a profundidade do que passa. Penso nele como um bolo de muitas camadas que, apesar do bem dosado açúcar colocado no lado de fora, possui um recheio muito rico e delicioso. Não é apenas o romance atípico entre Veronica e Marco (Rufus Sewell) que presenciamos, mas também uma tremenda aula de história dentro da fotografia avermelhada e dos vários metros de tecido de vestidos.
É claro que a história nos apresenta Veneza como um pequeno paraíso na Terra – um lugar concebido somente para fornicar e beber, como se fosse o idílico Valhala dos nórdicos -, mas essa é somente a casquinha do bolo para tornar essa experiência cultural e histórica ainda mais bela, porque o filme está longe de ser “fútil”.


McCormack assume o papel principal depois de vários nomes como Winona Ryder, Uma Thurman e Drew Barrymore o terem recusado e dá um verdadeiro show. Não há como imaginar mais ninguém interpretando Verônica.
Sendo assim, por todo o exposto, Em Luta Pelo Amor é no mínimo uma excelente obra para quem gosta de conhecer os eventos passados da nossa sociedade, mas principalmente obrigatória para os corações românticos.
DEIXE SEU COMENTÁRIO