Escrever esta crítica é uma tarefa mais que difícil para mim; Toy Story é um dos meus filmes preferidos, em que assisti repetidamente durante a infância e ainda continuam a me emocionar. Com isso a tarefa se complica, mas é uma alegria falar sobre.
Com sua nova criança, o Xerife Woody sente grandes dificuldades de se adaptar aos novos hábitos, seu altruísmo cresce na tentativa de manter o grupo sempre unido. As coisas começam a degringolar quando um brinquedo artesanal feito por Bonnie, o famigerado Garfinho, tem que agora assumir função de brinquedo, pois é um símbolo afetivo para o crescimento de Bonnie. Garfinho não entende e não quer assumir a função e cabe a Woody dar tudo de si, mais uma vez, para colocar as coisas de volta no eixo. Contanto com a ajuda de grandes aliados do passado.
Depois do grandioso final de Toy Story 3, um filme que emociona, impacta e finaliza, acredito que ninguém estava realmente esperando um quarto. Quando ele foi anunciado não é de se espantar uma desconfiança, mas, dando um voto de confiança para uma franquia que não decepcionou, temos aqui um filme narrativamente menor que o seu antecessor, mas que consegue manter sua qualidade, se esforça para trazer novidades, tem muito a dizer e é um brinde para os nostálgicos.
Seria legal olharmos Toy Story 4 como, de certa forma, olhamos para Vingadores Ultimato, onde toda a grandiosidade aconteceu no seu antecessor e aqui temos a conclusão de pontas soltas, com uma forte invocação de nostalgia, concluindo com o que John G. Cawelti chamava de reafirmação do mito, no seu trabalho sobre as constantes transformações dos gêneros. Reafirmar o mito é mostrar ao espectador que acreditamos na obra não porque é real, mas porque ela guarda dilemas em que precisamos sempre acreditar.
A franquia Toy Story carregou ao longo dos anos diversas perspectivas, diversos meios de olhar e encarar o mundo e as adversidades, mostrou diversos valores distintos – algo que eu acredito que valha a pena um outro artigo só para comentar sobre – por isso sempre foi bastante rica em temáticas infantis e adultas, é uma franquia que trabalhou com a proposta “Familiar”, filosofia de Walt Disney, com maestria.
Mas, acredito que o que mais se destaca, principalmente em Woody, é o amor cristão, ou ágape, o amor pelo teu próximo e pelos inimigos, aquele amor desinteressado que não acaba nunca em você, mas naqueles que estão a sua volta. E como Toy Story obviamente não é uma história religiosa, podemos dizer que Woody pratica sempre o amor prático de Kant, onde se diz que obviamente não dá para amar todo mundo, mas dá para agir como se amasse, o que define a conduta generosa – é aquela que imita e simula a conduta amorosa.
Woody carrega dentro de si um poderoso dilema do herói, aquele que busca qual é o real sentido de estar vivo e transmite aos seus semelhantes através da conduta generosa. E digo sobre Woody, pois esse filme é praticamente dele, Buzz infelizmente toma uma posição secundaria, Jesse e a maioria dos brinquedos que gostamos somem e dão espaço para Beth, Garfinho e para algumas novidades. Este não é um filme sobre o grupo que conhecemos e amamos, é um filme intimamente ligado ao Woody.
A trama mais simples e curta mostra diversos traços de desgaste, momentos que claramente só “enchem linguiça”, cenas que estão lá apenas para evocar nostalgia e por aí vai – se esse filme não encerrar a franquia, podemos duvidar da qualidade de um suposto Toy Story 5 com muito mais embasamento.
A animação está cada vez mais linda do que nunca, não tem o que falar a não ser elogiar – é impressionante!
Em resumo, temos em Toy Story 4 uma belíssima e encantadora estética, uma trilha sonora precisa e nostalgia, uma trama mais simples, porém com gás para novidades e com poderosos ensinamentos sobre amor e amizade. Não vá esperando grandiosidade, grande foi o Toy Story 3, mas não deixe de ir para ver e entender porque amamos tanto essa franquia.
TOY STORY 4
RESUMO:
Com uma historia mais intima focada em Woody, Toy Story 4 é um filme narrativamente menor que seu antecessor, mas que traz a tona assuntos pertinentes, evoca muita nostalgia e mostra ao público porque gostamos tanto da franquia.
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